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Monday, September 18, 2006

Amigas para Sempre...

Dominique e Lia lutavam ferozmente por suas vidas. O penhasco era íngreme e certamente uma queda seria fatal. Lia se encontrava logo abaixo de Dominique e tentava a qualquer custo agarrar-lhe pelo pé ou pela bela túnica que a loura vestia.
Dominique por sua vez se agarrava entre as relvas e arbustos na tentativa de sobreviver. Desferia chutes na direção de Lia, mas não para atingi-la. Queria apenas se desvencilhar de Lia, que tentava derrubá-la. À certa altura, ambas pareciam esgotadas em sua batalha por sobreviver, mas Lia ainda conseguiu forças para se agarrar em alguma vegetação e se aproximar de Dominique, que estava estafada. Lia estava disposta a matá-la. Em seu olhar percebia-se todo um ódio contido. Mas por que Lia queria matar Dominique?
Esta era a pergunta que Dominique fazia a si mesma enquanto batalhava por sua vida. Ela também tentou em vão obter esta informação da própria Lia que parecia não lhe ouvir. Não respondia nada e concentrava-se em derrubar Dominique a qualquer custo. O sol forte aquecia seus corpos e sugava o pouco de energia que ainda restava.
Eis que Lia dá a sua cartada final: agarra Dominique pelos longos cabelos louros encaracolados e tenta derrubá-la. Dominique grita de dor e escorrega por entre as pedras. Mas ela consegue se segurar em Lia também pelos cabelos, os seus curtos cabelos vermelhos. Lia não aguenta o peso e se solta. As duas caem. Dominique no entanto consegue se segurar mais abaixo em um arbusto maior. Pode ainda observar a queda de Lia.
Lia cai de costas, olhando nos olhos de Dominique e esboçcando um sorriso no rosto. Mesmo lá embaixo, ferida e desfigurada, Lia mantém o seu olhar na direção de Dominique e desfalece balbuciando algumas palavras que Dominique se esforça para compreender. Ele morre, mas mantém um sorriso na face.
Dominique respira aliviada, embora lamentando o ocorrido. Ela também estava ferida e mal conseguia se mover. Só lhe restava esperar por ajuda. Nem mesmo encontrava forças para gritar por socorro. E lá ela ficou, inerte sob o sol, em meio a relva, pedregulhos e areia vermelha.
Algum tempo mais tarde, Dominique ouve barulho de sirenes de bombeiro ou polícia – ela não sabia bem. De qualquer forma, seria resgatada.
Um policial se aproxima e observa Dominique. Pergunta se está tudo bem e avisa que o resgate está a caminho. A moça não teve forças para lhe dizer nada. Logo já havia uma multidão de curiosos ao pé do penhasco observando Dominique e o corpo de Lia. O resgate é feito e Dominique é amparada por bombeiros que já lhe prestam os primeiros socorros. Sentada na ambulância, ela vê o corpo de Lia sendo transportado inerte, sob um saco negro. “Acabou tudo” – pensara Dominique. Embora mal soubesse que este era apenas o começo...

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