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Monday, September 11, 2006

O GRANDE FEITO

Dia desses conversando com uma grande amiga, descobri que um dos maiores obstáculos a um final feliz igual desses de filme é o “grande feito” Ou melhor, a falta de um “grande feito”.
As pessoas sonham. Amam. Querem simplesmente ser amadas. Altamente gregário, o ser humano está sempre em busca de seu par ideal. Falo ideal porque é de fato uma idéia construída sobre um ser que idealizamos e julgamos ser “o cara”. Posso garantir para vocês que o cara nunca é “o cara”. Nunca. Ele não chega nem perto do que imaginamos que ele seja.
É interessante que com toda a nossa vivência, nossa história de vida, nossos altos e baixos, nós sempre achamos que conhecemos o outro. Audácia! Mal nos conhecemos. Nós sempre achamos que podemos imaginar o que o outro está pensando. E imaginamos. Obviamente com base em nossa história pregressa. E aí erramos. Mas não sabemos que erramos.
Você deve estar se perguntando agora e onde fica o lance do “grande feito”. Bem, justamente por nossa mania de achar que podemos entender o nosso semelhante, é que surge a idéia do “grande feito”.
Veja só como funciona esta roda-viva: Você se interessa por alguém. Este alguém lhe dá alguns sinais que você decodifica como sendo sinais positivos, indicando que ele pode estar interessado em sua pessoa. Pronto! É o suficiente para desencadear uma louca cadeia de pensamentos mirabolantes sobre as conjecturas do momento. Por exemplo, Fulaninho está gostando de você, mas por algum motivo que ultrapassa sua vã filosofia, ele não dá mais do que sinais. Não avança e fica lá, naquele joguinho, que pode até ser bom no começo, aquela coisa da corte, da paquera; mas que depois cansaaaaaa... Então sua mente histérica confabula: “por que ele não se chega? Sou uma mulher moderna, mas ainda quero que o homem tome a iniciativa. Será que estou lendo estes sinais de forma errônea? Ou será que algo o impede?”
Eliminada a possibilidade de ser algo que o impeça, algo mais sério, como ser casado ou algo assim, chega-se à conclusão que, de fato, ele espera algo, um sinal mais expressivo também de você. Ora, mas o que você está esperando é justamente isto! Um “grande feito”, algo que ele faça e prove que realmente está interessado em você. Chega de pequenos feitos, olhares, sorrisos e toda uma gama de linguagem não-verbal que já não lhe bastam mais. Ele tem que fazer algo realmente GRANDE. Algo que você teria a certeza de que ele não faria por mais ninguém, apenas por você. Algo profundo, marcante, um divisor de águas na vida do mancebo! Quebrar padrões, burlar regras e ultrapassar limites. Era tudo o que você queria que ele fizesse.
Nós não temos muito tempo de pensar sobre isto, mas lá do lado dele, ele está esperando um “grande feito” seu talvez para tomar uma decisão. Quanto maior a história de vida de cada um, os tombos, os amores e dissabores, maior será o “grande feito”. E nessa batalha, ficam os dois a esperar e esperar... E perdem-se tão bons momentos, que nunca foram e nem serão vividos. Perde-se mais uma chance de ser feliz.
A pergunta que eu deixo no ar é: por que é necessário um grande feito para se acreditar que um alguém está realmente interessado em outro alguém?

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